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03/03/2014 01:26

Comboio Afródromo invade a Avenida e traz a força das entidades afro

AFRODROMO _ Rosilda Cruz (171)-1


Beleza e elegância foram as palavras que definiram a passagem do Comboio Afródromo pelo Campo Grande na noite de domingo (02). Puxado pelo Cacique Carlinhos Brown, o primeiro dia de desfile reuniu cerca de 30 entidades afro e afirmou o protagonismo das comunidades da Bahia no Carnaval Ouro Negro.

A proposta do projeto é estimular a união, articulando as entidades e ampliando a visibilidade, destacando a recuperação estética que o projeto trouxe para a Avenida. De acordo com o secretário de Cultura, Albino Rubim, o Afródromo se apresenta como importante instrumento para atender a preocupação da Secretaria de Cultura da Bahia, desde 2008, quando foi criado o Programa Ouro Negro. "Com o Afródromo, estes blocos passam a ter uma voz poderosa. Eles podem, a partir disso, ter uma interferência maior nesta festa", acrescenta Albino.

Carlinhos Brown, idealizador do Afródromo, comemorou o espaço garantido às comunidades no Carnaval Ouro Negro. "Hoje estamos dirigindo para que os grupos sejam respeitados pela força cultural que eles têm. Vamos sair da Avenida em direção a um trabalho anual nas comunidades, não compartilho da idéia do separatismo porque são essas as pessoas, da indústria criativa, que fazem realmente o carnaval acontecer", disse Brown.

Índios – Participaram também os cantores Lazzo Matumbi, Tonho Matéria, Amanda Santiago e Quésia Luz. O projeto também reservou espaço para as celebrações dos 65 anos do afoxé Filhos de Gandhy, os 35 anos da criação do Badauê e os 45 anos do bloco de índios Apaxes do Tororó, que desfilou com quatro comunidades indígenas da Bahia, além de centenas de percussionistas, formando uma grande bateria de samba.

Abrindo a primeira noite do Afródromo, Carlinhos Brown trouxe para o desfile o folclore do Amazonas para se unir ao desfile dos blocos de índios do carnaval da Bahia. O encontro das entidades Boi Garantido, Boi Caprichoso, Apaxes do Tororó e Commanches do Pelô tornou o Afródromo a maior valorização da cultura indígena na Avenida. "É uma satisfação fazer parte deste projeto, queremos fortalecer os vínculos e levar esta junção ao Festival de Parintins", declara o diretor da Associação folclórica Boi Garantido, Jean Ribeiro, que no dia 1 de março visitou a sede do bloco Apaxes, no Dique do Tororó.

O comboi do Afródromo volta a desfilar na segunda e terça, a partir das 18h, no Campo Grande, trazendo entidades tradicionais como o Ilê Aiyê, Muzenza, Malê Debalê entre outras.

Origem - Pensando na revitalização das escolas de samba de Salvador, Alaor Macedo, diretor artístico da Lira Imperial do Samba, desfilou no Afródromo com passistas, baianas, mestres-salas e porta-bandeiras resgatando as 13 escolas de samba que já existiram na Bahia. "Essa fantástica mistura é o ponta pé para voltarmos com toda a força em 2015", afirmou Alaor, responsável também por trazer grupos culturais da Ilha de Itaparica.

O Afródromo surgiu a partir da recém-criada Liga de Blocos Afro, com o projeto de visibilizar as entidades negras e desde seu primeiro ano, 2013, conta com apoio financeiro da SecultBA. Além disto, boa parte dos blocos que integram o Afródromo são contemplados pelo programa Ouro Negro. "O Carnaval Ouro Negro abraça grupos de grande importância social e cultural que ajudam a contar a história da Bahia e do carnaval", afirma a diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI), Arany Santana.
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