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29/07/2014 10:18

Preservação do patrimônio cultural na Bahia é exemplo para a Nigéria

A abertura do I Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria aconteceu, na tarde desta segunda-feira (28), no Fórum Ruy Barbosa, no bairro de Nazaré, em Salvador. Participaram do evento o rei do Império Oyo da Nigéria, Lamidi Olayiwola Adeyemi III, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, Luiza Bairros, o governador Jaques Wagner, e representantes de cinco terreiros de Salvador.

"É motivo de orgulho receber Olayiwola e toda a sua comitiva da Nigéria, que é o país mais populoso da África e berço de parte das religiões africanas", afirmou o governador. Ele enfatizou, na cerimônia de abertura do encontro, o "orgulho de viver este momento, um passo significativo que será lembrado como um marco da nossa luta pela diversidade e pela tolerância religiosa".

O rei do território nigeriano, que tem o título de Alaafin Oyo, veio conhecer as ações de preservação de patrimônios culturais na Bahia. Ele visitará, até a próxima quinta-feira (31), os terreiros Ilê Àse Iyá Nassó Okà (Casa Branca do Engenho Velho), Ilê Àse Opo Àfonjá (Ilê Axé Opô Afonjá), Ilê Iyá Omi Àse Iyamassé (Terreiro do Gantois), Ilê Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilê Osùmàré Arákà Àse Ogodó (Casa de Oxumarê), que deram origem ao candomblé nagô na Bahia e são tombados como patrimônio nacional do Brasil.

Com a visita, o Alaafin espera sensibilizar o governo nigeriano para a conservação de palácios, templos, mercados e um conjunto de edificações urbanas importantes em Oyo. "Eu trago a boa fé dos nossos ancestrais. Agradeço aos brasileiros por terem preservado a identidade iorubá. Esse evento demonstra a importância desse legado preservado e o compromisso do governo brasileiro com a ancestralidade africana".

Tradição iorubá

A ministra Luiza Bairros destacou a presença dos governos federal e estadual no evento como forma de "reconhecer a necessidade de apoiar todo o trabalho conjunto que pode acontecer entre a tradição iorubá na África e no Brasil". O evento também teve a presença da ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler, do secretário da Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, de representantes da Secretaria de Cultura (Secult) e da Prefeitura de Salvador, além da ialorixá do Ilê Axé Opó Afonjá, Mãe Stella de Oxóssi; da ialorixá do Gantois, Mãe Carmen de Oxalá; do babalorixá da Casa de Oxumarê, Sivanilton Encarnação da Mata; da ebomi do Terreiro Casa Branca, Nice de Oyá; e da Mãe Jojó de Alaketu, Jocelina Barbosa Bispo.

Parte das ações de intercâmbio entre os dois países, o seminário foi organizado pelos cinco terreiros, com apoio do Governo da Bahia, do Ministério da Cultura, e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A programação completa está disponível no Blog do Seminário.

Proposta inédita

Durante o evento, o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura (Secult), apresentou uma proposta, ainda inédita no Brasil, para proteger os aspectos simbólicos e culturais dos terreiros de candomblé no estado, por meio de um 'registro especial’. Segundo a diretora geral do Ipac, Elisabete Gándara, o registro permite legalmente que se elabore um plano de salvaguarda para o bem cultural. A nova proposta foi enviada para apreciação no Conselho Estadual de Cultura (CEC).

Revitalização

Em maio deste ano, o governador Jaques Wagner e representantes da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA) e da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu) assinaram ordem de serviço para a reforma e revitalização de terreiros e templos de matrizes africanas em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari, Cachoeira e Maragogipe. Na ocasião, também foi autorizado o início do processo de licitação para obras de instalação de equipamentos no Ilê Axè Opó Afonjá. O conjunto de intervenções totaliza R$ 4 milhões em investimentos.
Fonte: Secom/BA
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